segunda-feira, 5 de outubro de 2009

"O MITO DA TELINHA"

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"O MITO DA TELINHA"

Telecurso, Fundação Roberto Marinho, Rede Globo de Televisão, projeto, forma de viabilizar e ferramenta utilizada para veicular à proposta.

Podemos analisar este projeto de vários ângulos, e todos poderão ser verdadeiros na medida em que aprofundarmos a pesquisa em torno de cada questão. Primeiro, do ponto de vista educacional, foi uma revolução em função de algumas experiências bem sucedidas na Europa de ensino à distância e que foi um grande marco registrado pela comunidade de pensadores e pesquisadores da educação, que poderiam utilizar da telecomunicação para transmitir e transferir conhecimento, conteúdo, enfim, utilizar-se do processo tecnológico disponível há época, e colocar como uma ferramenta a mais a disposição do processo ensino/aprendizagem.

Segundo, podemos analisar sob o ponto de vista econômico em função da demanda e dos meios e modos operantes se justificasse tal investimento. Será? Qual o verdadeiro custo da operacionalização dessa proposta? Quantos de recursos públicos foram transferidos para uma única rede de televisão? O que estava verdadeiramente por trás dessa proposta? Uma investigação dessa natureza pode dar uma boa tese de doutorado para quem quiser desvendar mais um dos mistérios do período da ditadura militar no nosso país.

Terceiro, podemos analisar a luz das relações sociais, à realidade daquele período em que foi desencadeado esse projeto de telecurso,que foi mais ou menos em meados da década de 70 do século passado, cuja realidade era poucas universidades públicas e as privadas concentravam-se nos grandes centros urbanos. Dentro desse contexto, a formação de mão de obra qualificada era muito limitada e concentrada, enquanto a demanda por profissionais era crescente. Outra grande carência era de profissionais da educação para atender uma massa crescente de excluídos do sistema educacional. Pressuponho que esses ambientes contribuíram enormemente para justificar tal proposta e investimento. E por aí vai, outras variantes podem ser analisadas.

Bom, não podemos desprezar a telinha, que até hoje presta enormes contribuições a serviço da cultura e da educação em nosso país, porém os instrumentos a serviço da educação se diversificaram (Toca-Fitas, Vídeo-Cassete, Projetor de slid, Retroprojetor, CD- Player, Aparelho de DVD, Datashow, telão, Power Pointer), por fim, a informática, que através da popularização do computador e de ferramentas criadas que podem ser acessadas através deles, não deixa de provocar outra grande revolução e que impacta de cheio o processo educacional. Agora como utilizar desses instrumentos e ferramentas disponibilizados aos professores e educadores? Como discernir o momento de utilizar, ou "cuspe e giz” e os "audio visuais?" como mitigar o processo evolutivo, cognitivo dos nossos educandos para sabermos quando devemos usar este ou aquele instrumento, esta ou aquela ferramenta?

Confesso que tenho dúvidas quando a melhor utilização desses recursos a nós disponibilizados. Será que os conteúdos transmitidos através desses instrumentos seriam melhores absorvidos pelos alunos do ensino fundamental que são crianças ainda na faixa etária de 7 a 14 anos e que estão ávidas, abertas a nova aprendizagem e, por conseguinte a novas metodologias? Ou seria melhor absorvido pelos alunos do ensino médio, um pouco mais maduro já com alguns pré-conhecimentos? Ou ainda seria melhor desenvolver essa proposta com alunos "EJA" (Ensino de Jovens e Adultos), que são pessoas com muito mais experiências acumuladas e mais amadurecidas, porém, que podem oferecer maiores resistências às novas tecnologias?

Quero crer que, ao propor capacitação aos profissionais de educação e gestores da nossa área estejam dispostos e abertos a mudanças de comportamentos e postura diante dessas mesmas propostas, como por exemplo, os profissionais para prepararem aulas utilizando dos conhecimentos advindos dessas capacitações, frutos dos esforços e recursos públicos investidos pelos governos, teriam que ter mais horas-atividade. Se quisermos modificar a realidade como propõe e suscita o projeto de capacitação em Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC), terá o governo que aumentar os investimentos nos profissionais e na ampliação dos laboratórios de informática das unidades escolares. Com isso quero dizer que os gestores públicos terão que se comprometerem mais com aquilo que estão propondo hoje, para que não fiquemos apenas na capacitação, acumulando algumas horas de cursos, que servirão tão somente, para a contagem de pontos.

Profº JEFERSON ARRUDA,E.E. "Rodolfo Augusto T.Curvo"